Recebo de vez em quando críticas pelo fato de ficar sempre lembrando o papel (bíblico) da mulher, e os problemas resultantes do afastamento deste papel. O afastamento ocorre quando a mulher escolhe o caminho largo, pois a partir daí é certo que não poderá mais cumprir sua missão, passa a desempenhar "um monte de papeis" mas nenhum é o seu. Eu entendo as mulheres que me criticam... Logico... Quem gosta de receber um dedo na ferida?
Segue algumas "perolas" que mostram "alguns" dos resultados (intermediários) do caminho largo (o resultado final, infelizmente, será bem pior que isso).
DE ANTEMÃO ESCLAREÇO QUE: Não é minha intenção condenar o modo de pensar das autoras ou seus artigos. "Pérola", neste caso, são mulheres falando de si mesmas ou da nossa classe "com sinceridade" ou, mesmo sem perceber, externando os reais resultados daquilo que o mundo chama de "emancipação feminina", (notem que o mesmo mundo que prometeu a mulher que ela seria realizada, feliz, completa ao abandonar sua linda missão, agora diz que a mulher tem que se virar sozinha, procurar se entender, contratar um psicologo, eleger prioridades, apelar pra drogas (remédios) etc).
Primeira (esta recebi hoje por e-mail):
O QUE É SER
MULHER?
por Martha Medeiros
Sempre que chega essa época do ano, prometo a mim mesma: minhas
próximas férias serão tiradas em
março. Vou alugar um chalé em Ushuaia e só volto quando
pararem de falar no Dia da Mulher. Sei que a data desperta reflexões, debates e
tudo mais, porém me dou o direito de tentar evitar a pergunta que tantos pedem
que a gente responda: “O que é ser mulher?”.
Basicamente, ser mulher é ter nascido com os cromossomos XX. Mas isso responde a questão? Responde, só que de um modo desaforado. Espera-se que colaboremos: “Ser mulher é ser mãe, esposa, profissional... “ Alguém ainda aguenta essa churumela?
Se é para refletir sobre o assunto, sejamos francos: ninguém mais sabe direito o que é ser mulher. Sofremos uma descaracterização. Necessária, porém inquietante. Entramos no mercado de trabalho, passamos a ter liberdade sexual e deixamos para ter filhos mais tarde, se calhar. Somos presidentes, diretoras, empresárias, ministras. Sustentamos a casa. Escolhemos nossos carros. Viajamos a serviço. Saímos à noite com as amigas. Praticamos boxe. O que é ser mulher, nos perguntam. Pois hoje, ser mulher é praticamente ser um homem.
Nossa masculinização é um fato. Ok, nenhuma mulher arredará o pé da zona de conforto que conquistou. Nossa independência é um ganho real para nós, para nossa família e para a sociedade. Saímos da sombra e passamos a existir de forma plena. E o mundo se tornou mais heterogêneo e democrático, mais dinâmico e afetivo, em suma: muito mais interessante. Mas não nos deram nada de mão beijada, ganhamos posições no grito, falando grosso. E agora está difícil reconhecer nossa própria voz.
“Sou mais macho que muito homem” não é apenas o verso de uma música de Rita Lee, é o pensamento recorrente de cérebros femininos. Alguém ainda conhece uma mulher reprimida, omissa, sem opinião, sem pulso? Foram extintas e deram lugar às eloquentes.
Nada de errado, repito. Acumulamos uma energia bivolt e isso tem nos trazido inúmeros benefícios – deixamos de ser um simples acessório, nos integralizamos. Mas essa nova mulher ainda se permitirá um segundinho de “cuida de mim”? Se os homens estão se permitindo ser frágeis, por que raios não nos permitimos também, nós que temos os royalties dessa condição?
É no amor que a mulher recupera sua feminilidade. É na relação a dois. É na autorização que dá a si mesma de se sentir cansada e de permitir que o outro tome decisões e a surpreenda. É no amor que voltamos a confiar cegamente, a baixar a guarda e a deixar que nos seduzam – sem sentirmo-nos ofendidas. Muitas mulheres estão desistindo de investir num relacionamento por se julgarem incapazes de jogar o jogo ancestral: eu, provedor; você, minha fêmea. Os homens sabem que não iremos mais nos contentar em receber mesada e ficar em casa guardando a ninhada, mas, na intimidade, que tal deixarmos a testosterona e o estrogênio interpretarem seus papeis convencionais?
Um amor sem tanta racionalidade, sem demarcação de território, sem guerra pelo poder. Amolecer de vez em quando, e com gosto. É onde ainda podemos ressuscitar a mulher que fomos, sem prejuízo a mulher que somos.
Basicamente, ser mulher é ter nascido com os cromossomos XX. Mas isso responde a questão? Responde, só que de um modo desaforado. Espera-se que colaboremos: “Ser mulher é ser mãe, esposa, profissional... “ Alguém ainda aguenta essa churumela?
Se é para refletir sobre o assunto, sejamos francos: ninguém mais sabe direito o que é ser mulher. Sofremos uma descaracterização. Necessária, porém inquietante. Entramos no mercado de trabalho, passamos a ter liberdade sexual e deixamos para ter filhos mais tarde, se calhar. Somos presidentes, diretoras, empresárias, ministras. Sustentamos a casa. Escolhemos nossos carros. Viajamos a serviço. Saímos à noite com as amigas. Praticamos boxe. O que é ser mulher, nos perguntam. Pois hoje, ser mulher é praticamente ser um homem.
Nossa masculinização é um fato. Ok, nenhuma mulher arredará o pé da zona de conforto que conquistou. Nossa independência é um ganho real para nós, para nossa família e para a sociedade. Saímos da sombra e passamos a existir de forma plena. E o mundo se tornou mais heterogêneo e democrático, mais dinâmico e afetivo, em suma: muito mais interessante. Mas não nos deram nada de mão beijada, ganhamos posições no grito, falando grosso. E agora está difícil reconhecer nossa própria voz.
“Sou mais macho que muito homem” não é apenas o verso de uma música de Rita Lee, é o pensamento recorrente de cérebros femininos. Alguém ainda conhece uma mulher reprimida, omissa, sem opinião, sem pulso? Foram extintas e deram lugar às eloquentes.
Nada de errado, repito. Acumulamos uma energia bivolt e isso tem nos trazido inúmeros benefícios – deixamos de ser um simples acessório, nos integralizamos. Mas essa nova mulher ainda se permitirá um segundinho de “cuida de mim”? Se os homens estão se permitindo ser frágeis, por que raios não nos permitimos também, nós que temos os royalties dessa condição?
É no amor que a mulher recupera sua feminilidade. É na relação a dois. É na autorização que dá a si mesma de se sentir cansada e de permitir que o outro tome decisões e a surpreenda. É no amor que voltamos a confiar cegamente, a baixar a guarda e a deixar que nos seduzam – sem sentirmo-nos ofendidas. Muitas mulheres estão desistindo de investir num relacionamento por se julgarem incapazes de jogar o jogo ancestral: eu, provedor; você, minha fêmea. Os homens sabem que não iremos mais nos contentar em receber mesada e ficar em casa guardando a ninhada, mas, na intimidade, que tal deixarmos a testosterona e o estrogênio interpretarem seus papeis convencionais?
Um amor sem tanta racionalidade, sem demarcação de território, sem guerra pelo poder. Amolecer de vez em quando, e com gosto. É onde ainda podemos ressuscitar a mulher que fomos, sem prejuízo a mulher que somos.
Fonte: Clic RBS / Zero Hora
Segunda:
Você olha para o lado e sente-se sozinha no mundo. Está cheia de opções, mas simplesmente não sabe qual escolher. Então, você fica parada. A vontade é de ficar de frente para a TV vendo pessoas com mais certezas do que você.
E você fica assim, vagando, não porque tenha tempo sobrando, nem dinheiro para bancar a fase “perdida”, mas porque você está paralisada sem saber para que lado ir, porque você pode por ir para todos. E ai, vem a sobrevivência e, enquanto não decide, você vai fazendo o que é preciso.
Vendo uma entrevista de Nicole Kidman, ela dizia que a mãe a apoiou 100% em sua carreira, porque disse que é difícil uma pessoa que tem tanta certeza do que quer fazer na vida.
No delicioso blog “13 anos depois” a Mirelle compartilha que está perdida sem saber o que quer. Morando na França, ela tem várias opções e, uma delas, que acabou de ser abortada, era a de largar o jornalismo e se tornar uma grande chef de cozinha.
Dizem que esse é o problema da geração Y (pessoas de 20 a 30 anos). Mas, acho que, mais do que isso, esse é um problema das mulheres, inclusive da geração X (30 a 45 anos). Em meio ao vendaval de pensar no que fazer, temos que levar em conta que temos prazo de validade para ter filhos, e até para atrair o macho alpha.
Seus pais dizem: “você pode ser o que você quiser.” De início você pensa: “beleza!” E ai escolhe a profissão por amor, paixão. Mas, ai vem a fase adulta, as contas, a vida real e você vai fazendo o que der dinheiro. De início tudo bem, mas o com o tempo vem a frustração. Eu nunca vi tantas amigas dizendo: “eu devia ter feito outra faculdade. Amo o que fiz, mas… “
E quando você escolhe a profissão certa, ainda tem aquele monte de coisas que você “também” quer ser. Uma amiga está bem na profissão, mas agora quer abrir o próprio negócio. E nesse meio, a gente se perde, bate uma angústia, porque cantam por ai que “podemos ser tudo”. Uma amiga diz: “bem que meu pai me mandou fazer Direito!”
Eu nasci com a certeza de que queria escrever livros e viajar. Não tenho uma única dúvida. Mas, na vida real, é preciso fazer ajustes. Porque, além da certeza é preciso saber se você terá determinação.
Assim, para uma segunda-feira, pós-carnavalesca, onde é preciso tocar a vida, confusas ou não… O que ser? O que fazer da vida? São opções demais? Estamos perdidas?
Terceira:
Mulher Moderna: acúmulo de papéis pode afetar a saúde mental feminina |
17/03/2011 |
Entre os casos mais comuns aparecem os transtornos ansiosos e depressivos |
O desempenho concomitante de diferentes funções é uma das características marcantes da mulher contemporânea. Mãe, esposa, profissional, cidadã, mulher; inúmeros são os papéis assumidos pelo público feminino desde a sua emancipação. Não obstante, a pressão imprimida pela indústria da “beleza”, para o alcance de padrões estéticos cada vez mais distantes da realidade, atua como fator adjunto à sobrecarga emocional. Diante disso, o grande desafio é aprender como manter a saúde mental e, principalmente, a qualidade de vida apesar dos diversos agentes internos e externos que contribuem para o surgimento de transtornos emocionais e mentais femininos. Que atitude a mulher deve adotar para vencer o desafio diário de conciliar diferentes tarefas de maneira satisfatória? Na avaliação da psicóloga especialista em Psicologia Clínica Hospitalar, Ana Paula Brasiliano, por mais que a sociedade imponha uma construção de modelo ideal feminino, não existe uma atitude ou uma receita que possa garantir que a mulher consiga a satisfação plena. “Uma vez que consideramos o sujeito como um ser faltante, o caminho seria uma melhor convivência com essa falta”, pondera.
Muito mais que cansaço e estresse, a múltipla jornada pode desencadear sérios problemas à saúde mental feminina. Entre os casos mais comuns aparecem os transtornos ansiosos e depressivos, como explica o psiquiatra e psicanalista Gabriel Ferreira Câmara. “O estresse é uma palavra vaga, é importante buscar suas motivações. Já a ansiedade é uma resposta natural do ser humano ante as vivências. A emancipação feminina de fato mudou a forma de atuação da mulher na sociedade. Desempenhar muitas atividades ao mesmo tempo pode gerar ansiedade e até angústia, que provoca sensações como palpitação e aperto no peito (a pessoa angustiada sente tudo isso). Há momentos em que a ansiedade se torna grave. Então, quando ela se torna um fator que altera a qualidade de vida e interfere na rotina de forma intensa, é preciso buscar a ajuda de um especialista que vai avaliar a forma mais adequada de terapia para aliviar essa sobrecarga. O mesmo vale para a depressão, pois a vida deixa de seguir o seu curso normal. Hoje o arsenal de medicações para o tratamento dos transtornos psiquiátricos aumentou”, informa.
O médico explica que as mulheres se mostram mais propensas a desenvolverem transtornos de ansiedade, como síndrome do pânico e fobias simples, porque a subjetividade se apresenta de maneira diferente entre os gêneros, tendo uma maior incidência entre as pessoas mais jovens. “As motivações são sempre muito particulares. Qualquer pessoa está passível de sofrer um transtorno mental em alguma fase da vida, por questões internas e externas. O que ocorre é que a mulher tem mais acesso aos seus conteúdos emocionais, expressando mais livremente a sua emotividade do que o homem que, por exemplo, aprende desde cedo que ‘homem não chora’ porque é um sinal de ‘fraqueza’. A nossa cultura ainda permanece machista e isso é internalizado desde a infância”, avalia.
A depressão é outra doença predominante entre o público feminino. “Esta é uma desordem psiquiátrica muito mais comum do que se imaginava. Pesquisas indicam que o número de casos de depressão em mulheres é muito superior do que em homens”, afirma a psicóloga Ana Paula Brasiliano. Apesar disso, as pessoas ainda encontram dificuldade em diferençar o estado deprimido e a depressão. Para o diagnóstico de depressão foram criados alguns critérios no DSM IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4ª edição) baseados numa lista de sintomas - além do estado deprimido - que devem ter uma intensidade e duração. “A depressão é diferente do estado deprimido. Estar somente triste não significa que se tem depressão. Até porque os sintomas da depressão interferem significativamente na qualidade de vida. Somente um especialista pode fornecer um diagnóstico preciso”, reforça a psicóloga. Mas, como os familiares devem agir ao perceberem que a mulher está vivenciando uma dificuldade emocional? A especialista lembra que os transtornos à saúde mental trazem um sofrimento psíquico não só para quem sente e vive a doença, mas se estende para toda família, o que pode gerar conflitos e até encobrir os sintomas. “É importante que os familiares estejam atentos para as mudanças de conduta e favoreçam a busca de uma ajuda profissional. Contudo, o contexto familiar em que a mulher se encontra, a maneira como ela se relaciona com essas pessoas e se ela própria deseja ajuda são pontos importantes a serem refletidos”, observa.
Embora não seja um fator determinante, o histórico familiar deve ser um sinal de alerta para mulheres com casos de doenças psiquiátricas na família. A hereditariedade não significa uma certeza de torná-las mais propensas a desenvolverem esses problemas, pois fatores culturais, econômicos, familiares, comportamentais e psicológicos também estão envolvidos no processo de estabelecimento dessas doenças, segundo a psicóloga. “É possível perceber a existência de alguns sintomas, porém estes podem ser confundidos com outras alterações de comportamento, além da depressão e transtornos alimentares. Portanto, é relevante a busca de um profissional especializado para que seja adotado o tratamento adequado nesses casos. Na verdade, se torna importante que a mulher reconheça que precisa de ajuda e não pode se curar sozinha” observa Ana Paula Brasiliano.
Entre as formas de terapia disponíveis para os problemas mentais estão a psicoterapia e, a depender do caso, o acompanhamento psiquiátrico, quando for necessário o uso de medicações regulares. “Não importa a abordagem teórica em que o psicólogo se oriente (psicanálise, cognitivo comportamental, junguiana, gesltat, transpessoal) e sim como o profissional direciona o tratamento”, ressalta Ana Paula Brasiliano. Ela lembra que as pessoas buscam diferentes receitas para aplacar a própria angústia e de preferência que estas “caiam no colo” de forma rápida. Contudo, acabam frustradas já que a representação da autoestima é muito particular. “O que pode ser significativo para uma mulher pode não ter a menor importância para outra. Essa definição totalmente subjetiva acaba sendo complexa, pois não tem a ver somente com o amor próprio, mas também com a exigência da sociedade moderna que está sempre sofrendo modificações. O fortalecimento da autoestima pode não estar apenas associado à correspondência das demandas externas e ser socialmente reconhecido, mas efetivamente aos anseios pessoais”, reflete a psicóloga.
De modo geral, a recomendação médica é de que os acompanhamentos psiquiátrico e psicológico sejam de longo prazo, com duração mínima de um ano. Nas situações em que é recomendado o acompanhamento psiquiátrico a prescrição do uso de medicamentos para tratar a saúde mental da mulher deve ser avaliada caso a caso, de acordo com Gabriel Ferreira Câmara. “O paciente e o médico juntos devem perceber a terapia mais adequada. É indicado manter a medicação que a mulher apresenta melhor resposta e retirar o remédio apenas de forma gradativa”, observa o especialista, informando que as medicações comumente usadas são os antidepressivos. “O paciente não deve se automedicar, bem como, não deve decidir sozinho quando interromper o tratamento”, alerta.
Diante de tantas pressões e responsabilidades, afinal, qual o caminho para a mulher manter a qualidade de vida? Para Gabriel Ferreira Câmara a mulher deve buscar reconhecer seus desejos e suas limitações. “Não existe uma receita de bolo. Por isso, a mulher precisa encontrar dentro de si o que a torna feliz. Ela deve descobrir seus anseios, o que considera importante, buscar suas respostas”, considera o médico, que manda outro recado para quem está passando por dificuldades emocionais. “Se a mulher perceber, em algum momento de sua vida, que está num nível de ansiedade muito intenso e que isto está fugindo ao seu controle, ou se ela está muito triste e desinteressada pela vida, é interessante que procure um profissional para uma consulta e acompanhamento adequado. No tratamento será possível avaliar a necessidade de usar um suporte medicamentoso ou não. É importante que a paciente vença os próprios preconceitos”, conclui.
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Menos comuns do que outras doenças mentais que afetam as mulheres, os transtornos alimentares também oferecem danos importantes à qualidade de vida feminina. De acordo com estudos, transtornos como anorexia e bulimia nervosa atingem 1% das mulheres entre 18 e 40 anos, sendo aproximadamente dez vezes mais comuns em mulheres que em homens. Esses transtornos, devido à busca incessante pelo corpo perfeito, afetam de forma significativa a sociedade contemporânea. As adolescentes, em processo de formação psicológica e emocional, muitas vezes são “bombardeadas” por modelos de estética difundidos pelas mídias, tornando-se vulneráveis ao problema. “A anorexia nervosa geralmente tem início na adolescência, período marcado por transformações, quando a menina passa pela aceitação de ser mulher. Nessa doença, a autoimagem é totalmente distorcida da realidade. A mulher olha no espelho e se vê acima do peso, o que motiva a ideia fixa de emagrecimento”, explica o psiquiatra e psicanalista Gabriel Ferreira Câmara. Para a psicóloga Ana Paula Brasiliano “existe um colapso dos ideais e uma tirania de valores, o que gera sofrimento psíquico diante do ideal frustrado”.
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Quarta:
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Ontem fiz uma palestra para cirurgiãs dentistas do CRO em homenagem ao dia internacional da mulher. Gostaria de compartilhar com vocês um pouco do que conversamos.
Nos últimos anos o lugar da mulher na sociedade vem passando por uma revolução. Algumas destas mudanças foram a entrada no mercado de trabalho, as liberdades de escolha amorosa, profissional e da maternidade e o divórcio, tais situações influenciaram no modo da mulher ser. E apesar de no dia 8 de março de 1857 mulheres americanas terem feito uma passeata em prol de melhores condições de trabalho, melhores salários e carga horária reduzida, algo que foi tão forte que acabou por se tornar a data em questão, pouca coisa mudou.
Sim, temos mais oportunidades de trabalho, bons trabalhos, altos cargos e melhores salários, hoje há pouca diferença entre homens e mulheres no mercado profissional. Entretanto, a mulher ainda trabalha muito e mais que os homens, tanto que dificilmente ela chega a casa e pode relaxar diante da TV, há uma casa para arrumar, roupas para lavar, jantar para fazer e quando há crianças, filhos para serem cuidados. Assim, a mulher é profissional, mãe, dona de casa, esposa e ainda tem que estar linda em todos estes eventos. É a este fato que dou o nome síndrome MMP, que como a TPM mexe e dificulta a vida da mulher moderna.
Os padrões de exigência da sociedade são altíssimos, e independente do sexo, todos somos expostos a este padrão. Beleza, sucesso profissional e pessoal, são impostos como dever e única forma de ser feliz. Mas será isto possível? Será que tem como coordenar estas três esferas tão amplas e distantes umas das outras com mestria? Creio que não. E que culpa isto causa, se a dedicação a um setor é maior, se um lado fica em segundo plano ou até não é feito, surge uma angustia e sentimento de inadequação intensos.
Coloco abaixo três parágrafos de reflexão, cada um sobre os 3 papeis da síndrome MMP: mãe, mulher e profissional. São idéias para reflexão, que ao fim pondero sobre suas possibilidades.
Ser mãe é uma tarefa dura e ampla, é olhar os filhos, estar atenta as suas necessidades, acolhe-lo e impor regras, limites. É muita coisas para fazer sozinha. Um parceiro que divida a tarefa facilita em muito as coisas. Dentro de uma família duas funções precisam ser exercidas simultaneamente: a função materna e a função paterna (tenho posts que explicam só sobre isto). A função materna é o acolhimento, a recepção das angustias, a contenção das dores e aflições emocionais. A função paterna é a lei, a regra, a disciplina, é o que impõe o não e aguenta a birra que provem dele sem se desestruturar. Isto são funções não papeis. Uma mulher pode desempenhar melhor a função paterna do que a materna. Ou o contrário. O que importa é que as duas funções sejam desempenhadas, independente de por quem. E aqui vale uma avaliação: o que vem mais de encontro com sua personalidade, você se sente mais tranqüila no exercício do acolhimento ou da regra, o que combina com você, com seu estilo e jeito de ser? Encontrar esta função depende desta avaliação e segui-la diminui a exigência maluca que a sociedade nos faz.
E a beleza, como se manter bonita e atraente? Talvez caiba em primeiro lugar reavaliar o que é beleza, como a beleza vai tão alem do físico, e que tem muito mais haver com gostar de si mesmo do que estar toda sarada. Exercícios físicos são positivos, saudáveis, mas fazê-los sem prazer, por obrigação vale a pena? Se gostar também indica se cuidar, mas de maneira que lhe seja agradável e no tempo que lhe é possível.
No campo profissional, cada vez mais exigente e difícil de se firmar, fazer faculdade já não basta, o currículo tem que ser recheado de cursos, pós graduações e congressos. Parece que por mais que se faça ainda é pouco. Contas para pagar, um orçamento alto, como se manter? Parece que somente trabalhando e muito é que se faz possível ter um lugar ao sol.
São três tarefas intensas não é mesmo? Tem como conciliá-las? Como pontue antes, creio que não. Há que se ter prioridades. A vida é um contínuo de situações, os momentos mudam e as necessidades de cada fase também. Querer conciliar um alto grua de dedicação ao trabalho, se manter em atividades físicas intensas e ser uma ótima esposa (namorada ou amiga) e mãe é tarefa demais para corpo de menos. Ninguém consegue fazer tudo isto. Somos limitados, não significando que somos incapazes. Somente não é possível abraçar o mundo... (continua)
Quinta:
Mãe x Mulher x Jornalista x Dona-de-casa. FIGHT!
Por: Carol Garcia
Pois bem, essa reflexão começou logo cedo quando tirei o pijama pra tomar banho e no susto me perguntei:
Desde quando uma versão da Vera Fischer mora em mim????
Pensei na hora: Preciso achar uma horinha na minha agenda pra marcar depilação urgente!
PARA TUDO! Volta a fita (ou se preferir, ative a função << do Time Machine da Full HD).
Hora na agenda pra depilação? Aí é que está. Chega um momento na história da gente em que somos várias em uma só. Mulher, mãe, esposa, filha, “rainha do lar”, profissional, amiga. E quando todas essas se misturam, a vida vira uma salada.
Uma confusão difícil de resolver. E a gente não entra nessa porque quer não. Muito pelo contrário. O limite entre as várias Carols, descobri eu, são tão sutis, que quando percebo, já nem sei mais qual sou.
Imagine você acordar no meio da noite achando que foi um chamado do tesão e descobre que foi um barulho. A babá eletrônica? Corro pro quarto do pequeno. Nada, era o despertador me chamando pra realidade diplomada. Oras... Só aí são 3 de mim acordando ao mesmo tempo. Deu pra entender?
Tem madrugada que me pego fazendo o balanço do dia e concluo, com uma tromba de elefante, que fui só mãe ou só operária. E o tempo pra mim? Mim mulher, que precisa de depilação, pilates, compras e choppinho com as amigas?
Mas tem balanço também que resulta numa Carol egoísta, que deixou o filhote na escolinha pra ter o tempinho da drenagem.
E os outros? Marido, família, patrão, colegas? Como é que enxergam e entendem tudo isso?
(cá entre nós, pelo menos a ala masculina entende todo conflito feminino como TPM. Generaliza mesmo e simplifica a vida)
São armadilhas da vida moderna? Sei lá. Mas tenho me visto em conflitos bem mais freqüentes sobre a existência dos seres que habitam em mim.
Não brigo com eles, muito menos comigo, já que não adianta.
Converso.
Loucamente, tenho presenciado altos papos entre a Carol mãe e a filha. Entre a jornalista e a esposa. E por aí vai.
No final, se as bolas não forem trocadas, uma ajuda a outra.
Mas fica a questão: onde está a sanidade mental nisso tudo?
Alguma sugestão?
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